segunda-feira, 7 de julho de 2014

2014: Copa e Eleições



Há três semanas o Brasil está voltado para a Copa. Como publicou a Ruth Aquino em sua coluna semanal na revista Época, parece que o país virou um mar de rosas. Quase todo o noticiário é voltado para o certame. As editorias jornalísticas se tornaram todas de esporte. O inculcamento da vitória do Brasil é claro e irresponsável. Transformam uma competição esportiva num verdadeiro campo de batalha, seja dentro ou fora dos estádios.
A fifa - permito-me diminutilizá-la - dá uma aula mundial de como se invadir um país e apenas visar o resultado financeiro para voltar para casa. Impõe suas regras e salve-se quem puder. O pior de tudo é a permissividade dos poderes nacionais. Mas vai deixar um legado!, afirmam muitos interessados. Pergunto em quais das pastas. Na educação, no transporte, na saúde, na segurança... 

A "copa da fifa no Brasil" - antigamente (e olha que já tenho várias copas) -as copas eram chamadas pelo nome dos países que a sediavam: Copa do México, Copa da França, Copa dos Estados Unidos... - vai deixar a certeza do poder da grande mídia brasileira. Vai deixar claro o poder de influência que exerce sobre todos os setores da sociedade nacional. Ela, para garantir aos seus patrocinadores o sucesso deste um mês de disputa, cria  o nacionalismo esportivo. É bem verdade que muitos outros países também sofrem com o mesmo sintoma quase imperceptível, subliminar, dos veículos de comunicação.

Estamos às portas de uma eleição que vai ditar os rumos do país nos últimos quatro anos. Mas o que importa é a terceira vértebra do Neymar e o jogo de amanhã. Que ele se recupere logo e que o Brasil vença de goleada. Apenas não assistirei ao jogo por recomendações médicas, mas estou na torcida. Não tanto, confesso, como para assistir às pelejas dos políticos nesta campanha que teve início ontem. Quero estar bem atento quando falarem em combater o mau uso da coisa pública e da corrupção. Quero filtrar a fisionomia dos que prometem a lisura com os investimentos sociais quando fazem campanhas com recursos advindos das negociatas da corrupção enquanto exercem o poder conferido pelo próprio povo. Mas é claro que há nomes dignos e de boas intenções quase que desapercebidos nesta festa de nomes.

A agenda dos candidatos é um nada se compararmos ao noticiário esportivo. O povo, por sua vez, responde bem à anestesia da copa. É um tempo de paz que preambula mais quatro anos de total desmando na vida da população. O gigante não adormeceu de novo. Ele nunca acordou. Teve um surto de birra e ataques de histeria. Parte dos brasileiros mostra a sua hospitalidade e capacidade de se acomodar com festas e oba-obas. Outra se acomoda com as benesses eleitoreiras que são oferecidas como se jogam rações nos cochos dos animais. Festa, pão e circo!!! Imagens bonitas na TV, um churrasquinho na laje e uma copa.
Se alguns políticos não podem aparecer em público com medo das vaias, outros se tornam os maiores torcedores junto às tantas multidões. Quero ver o povo torcer pelo Brasil de verdade na final. No dia das eleições, daqui a pouquinho.
E que vençam as melhores equipes de verdade. Tanto na copa quanto nas Eleições.
Na real, a grande final para um Brasil de Verdade será no dia 5 de outubro!!!

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